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  • Foto do escritorJonas Silva

Pucará de Tilcara

Chegamos aqui durante nossa Road Trip RN9/40 em dezembro de 2022. Durante a viagem passamos por vários lugares emblemáticos do norte argentino, com destaque para a Quebrada de Humahuaca.


Tilcara

Tilcara é uma pequena e pitoresca cidade da província de Jujuy. Cercada por montanhas e valles, está as margens do Rio Grande que dá vida ao árido ecossistema da Quebrada.

Tilcara.

Além da beleza paisagística, Tilcara é uma explosão cultural. Todos os anos são realizados aqui vários festivais culturais e tradicionais que ligam o povo às suas raízes e crenças.

E falando de raízes, essa cidade tem bases pré-colombianas que por sua localização e as habilidade cultivadas pelos povos ao longo dos anos foi estratégica para muito do que aconteceu na parte central da cordilheira.

Tanto o povo Inca que desceu dos Andes peruanos quanto os espanhóis vindos do Prata se valeram do povo originário.


Pucará de Tilcara

Pucará de Tilcara é uma antiga fortificação pré-colombiana pelo povo Huarpa, uma das várias culturas pré-colombianas da região dos Andes.

Pucará de Tilcara, ruínas.

Os Huarpa eram conhecidos pela habilidade em construir fortificações e em liderar guerras. Além disso, eles tinham uma cultura rica, com religião, arte e tradições próprias. Sua capacidade e conhecimentos de cultivo e criação foram objeto de desejo e exploração pelos Incas que desceram a cordilheira, também serviram aos espanhóis nas incursões sobre as terras altas da Puna.

Pucará de Tilcara é uma prova dessa habilidade arquitetônica e militar dos Huarpa. Trata-se de uma fortificação sobre uma colina central da Quebrada de Humahuaca, estratégicamente posicionada dava o privilégio de reconhecer inimigos se aproximando e ao mesmo tempo aproveitar a água do Rio Grande ali nas proximidades. Ademais, as encostas do outro lado do vale serviam de terraços para o cultivo e ficam sob vigília do povo e provavelmente de um líder dominante.

Segundo alguns historiadores a localização privilegiada e a capacidade de se articular dos Huarpa foi importante para sua sobrevivência em aliança com os Incas. Estes, uma vez na Quebrada eram impiedosos com os povos que não aceitavam alianças, fato que pode ser visto em ruínas recém descobertas que indicam uma destruição total com aniquilação da população.

Também os historiadores atribuem a supressão do povo à aliança com os espanhóis que, ao chegarem na Quebrada se colocaram, e de fato foram, parceiros na libertação contra os Incas, entretanto a aliança com espanhois trouxe consequências tão graves aos Huarpa quanto a submissão aos Incas. Esses são fatos históricos narrados pelo guia que nos acompanhou às ruínas.

A presença dos espanhois pode ser vista até hoje em muitos dos hábitos culturais que os "tilcara" cultivam. As igrejas cristãs são ávido exemplo disto.

Paredes largas das ruínas em pedra encaixada.

As ruínas expostas à visitação são originais, ainda que parte delas precisou ser reerguida, devido a ação do tempo, o estilo construtivo assim como os materiais utilizados são os mesmos das construções originais: pedras encaixadas combinadas com barro, cardón e palha nos telhados. Esse material garantia, e garante ainda, excelente controle térmico, muito importante em uma região de alta amplitude térmica e escassas chuvas.

No entorno das ruínas expostas podemos ver resquícios ainda cobertos pela ação do tempo. Há também muitos cardóns, segundo o guia, são resultado dos hábitos dos habitantes que comiam o fruto da cactácea.

Na parte mais alta da colina há uma pirâmide geralmente confundida com a construção original. No entanto, ela foi construída como "homenagem" à memória do povo huarpa que havia sido considerado extinto. Recentemente o povo conseguiu uma decisão de reconhecimento pela não extinção, já que muitos dos decendentes ainda habitam o entorno. A pirâmide não foi removida como uma memória do história, é muito gratificante ver como o povo entende o fluxo da história e seu papel nele, masntendo inclusive uma parte "fictícia" contada, mas que faz parte do seu tempo.

Pucará é hoje um parque de acesso controlado, porém a taxa cobrada é muito pequena - em 2022 foi o equivalente a R$8 por pessoa - e ainda dá direito a acompanhamento do guia - altamente recomendo - que sai com grupos a cada hora e meia.


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