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  • Foto do escritorJonas Silva

Pico Siririca, Paraná


Pico Siririca visto do cume do Pico Cerro Verde

Com ordinários 1705 m de altitude, não passaria de mais uma protuberância no verde da serra do mar paranaense, não fosse sua temerosa trilha de 8,8 km. O que pode parecer pouco, dado que o cultuado Pico Paraná possui uma trilha de 8 km, no entanto a dificuldade implantada pela oscilação do terreno, a vegetação densa e a trilha terrivelmente irregular desafiam os mais ousados trekkers.

O Siririca é uma montanha entalhada na exuberante mata atlântica e como tal oferece uma vegetação diversa e muito dura. Em trechos os bambus se fazem uma barreira desafiadora, cortando e ferindo as mão, pernas e rasgando as roupas e equipamento. Quando não são os bambus, ou as caratuvas, os cipós e raízes assumem o papel de traiçoeiras. E como a mata densa limita a passagem de luz, a trilha é sempre úmida, tornando mais perigoso cada passo.

No cume duas placas desativadas de replicação de sinal, facilmente identificáveis, mesmo da BR116 nos dias limpos, tornam-no inconfundível. Uma vez no cume, com tempo propício, é possível admirar o flanco do Pico Paraná, a Baía de Antonina, o Marumbi e uma série de outros cumes vizinhos.

Quem ousa chegar até ele com cargueira, depois de subir suas íngremes e expostas faces, trepando pela rocha aparente de ressalto em ressalto, terá que dividir/usar um dos seis espaços para barraca. E poderá contemplar um magnífico pôr do sol sobre a capital paranaense, mas o maior espetáculo está mesmo no final do dia, já, que pela manhã o astro nasce ao leste do Pico Paraná visto daí de cima.


Curiosidades

A montanha tem esse nome, Siririca, provavelmente, uma referência ao siri que anda de lado e quando está caminhando tem as costas inclinadas e a barriga quase em linha reta, geometria aparente da montanha.

Pico Siririca visto do Pico Luar

Muitos se referem ao nome erroneamente, como Ciririca, o que torna um pouco cômica a situação. Contudo, com "C" ou com "S", todo montanhista paranaense já ouviu falar dele.

Sua conquista só ocorreu em julho de 1949 pelos notáveis paranaenses Osíres, Orisel e Nobor Imaguire. Eles trabalharam arduamente durante quatro dias na mata para superar os vales, grotões e a implacável vegetação.

As placas que são marca distintiva do Siririca foram instaladas em 1960 com a finalidade de repetir sinais de rádio entre Curitiba e a Usina Parigot de Souza. Hoje não passam de ferrarias largadas ao tempo. No cume restam também alguns tambores e latões deixados para trás nos dias de manutenção da operação das placas.


A trilha

Como já ficou evidente a trilha não é para iniciantes. Quem quiser chegar ao cume precisa de muito disposição e preparo físico.

É preciso sair da Chácara/Fazenda da Bolinha que fica em Campina Grande do Sul, a 52 km da capital Curitiba. Seguindo pela BR 116 Norte depois do KM 52, logo após o Posto Túlio, a primeira entrada à direita leva direto à Chácara.

Depois de registrar na sede a trilha segue junto com a trilha para o Camapuã, Tucum pelos primeiros quilômetros, até aí é uma trilha bem cuidada e larga. Depois da bifurcação a caminhada fica dificílima, com muitos obstáculos: sobe e desce, raízes, bambus, caratuvas, pedras cipós e os paredões antes do cume.

Durante toda a trilha é fácil encontrar água, já, que cruza vários córregos e algumas cascatas. Contudo é grande a chance de uma torção ou queda e o resgate não chega na trilha, exceto por terra.

Navegação: razoavelmente difícil exigindo senso de reconhecimento da vegetação e relevo. Em dias fechados, pode ser difícil se orientar nos campos arbustivos, e na mata há entradas alternativas que levam a lugar nenhum. Não é recomendável confiar somente em GPS.

Exigência física: dado a distância de 8,8 km, a variação do relevo de quase 1000 m e as condições da trilha é necessário ter excelente disposição física e bom preparo para caminhar por cerca de sete horas com cargueira ou mais de dez horas numa situação de ataque com retorno no mesmo dia.

Exigência técnica: é necessário ter conhecimento em navegação e estar preparado para escalar paredes expostas de mais de 30 m cada usando apenas pedaços de corda e as fissuras das rochas.

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