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  • Foto do escritorJonas Silva

Seaspiracy - mar de sangue


O vídeo-documentário apresentado esta semana na Netflix é receita certa para causar muita polêmica, mas, quem disse que isso é problema. O próprio produtor, Ali Tibrizi se propõe a tanto.

Ao longo dos 90 minutos a narrativa apresenta a forma como o autor se questiona a respeito de como estamos tratando a vida nos oceanos. De espectador dos parques aquáticos a um infiltrado, correndo riscos eminentes para buscar respostas e trazer à luz a controvérsia que acostumamos a vivenciar.

Da caça dos golfinhos no Japão à produção dos salmões na Irlanda. Dos selos de pesca consciente às ONGs que lutam contra os canudos. Filmagens escondidas, entrevistas boicotadas e ameaças, mas tudo isso não abala o protagonista que faz perguntas provocativas a pessoas de poder e muito controversas.

A produção, apesar de conter imagens muito boas, impactantes, por vezes deixa a desejar. Cortes confusos, uma narração sobreposta atrapalha a profundidade das imagens - muitas vezes é melhor deixar que elas contem a história. A própria narrativa contém vícios. Não sai do plano do autor, falta aprofundar, não questiona a existência de alternativas possíveis, é distante ao fazer a ligação entre a pesca predatória, o consumo de peixes, e a própria questão da alimentação da humanidade. Não que o autor seja alheio a isto, tanto, que, nas frases finais deixa a reflexão aberta.

Para encerrar, é muito proveitoso o tempo despendido com esse documentário. Com certeza você não verá mais o mundo com os mesmos olhos. Sempre que um outdoor de preservação for erguido, uma reportagem for apresentada, ou ainda uma doação for solicitada, irá pensar em como, porque, onde e até quanto isso se trata de uma causa ou marketing.


Não basta viver postando nas redes contra os canudos, contra os parques, é necessário ter a profundidade que o tema exige, ainda que ele venha em doses (como nesse caso de Seaspiracy). Estamos sim depredando o mundo, os oceanos sofrem pela nossa ganância. O problema, talvez, não seja a "pesca", mas, sim, a pesca predatória, os selos vendidos a falta de regulação - não basta regular no papel, é preciso na prática -, a ganância que leva a uma busca frenética por dinheiro.

Não é simplesmente parando de consumir peixe que vamos resolver os problemas do mundo, ainda que isso seja um começo, é preciso rever nossos costumes questionar nossos líderes sobre o que estão fazendo em prol das pessoas, dos animais, do planeta. Não e colocando um selo na lata que se resolve o problema, é preciso ter vontade de fazer diferente. E neste pontos o produtor demonstrou ter realmente se empenhado.

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