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  • Foto do escritorJonas Silva

Hikking Cume Camapuã vs Cume Tucum

Depois de três meses sem fazer trekking, finalmente apareceu uma oportunidade de tirar a poeira do tênis. Minha agenda anda bastante cheia com os compromissos da universidade limitando as viagens.

Na segunda-feira recebi um convite para fazermos um hikking no sábado até o cume do Tucum com acampamento e retorno no domingo. Gostei da ideia, fui logo procurar alguém para nos fazer companhia e dividir o combustível, afinal com os preços da gasolina nos últimos tempos está difícil coragem de abastecer e rodar por aí.

A primeira tentativa foi frustrada na quarta-feira, quando o amigo que havia topado a empreitada desistiu. Ficamos meio desolados, mas na quinta-feira era meu aniversário e o presente veio na forma do convite de outra amiga para rachar a gasolina.

Vista para o Pico Paraná do acampamento do Tucum

Saímos de casa às 21:40 de sexta-feira e depois de oito horas na estrada chegamos no Posto Cupim, nossa parada de rotina em Campina Grande. Aproveitamos que estávamos adiantados para tirar um cochilo e só às 07:00 nos reunimos no Posto Túlio, já na entrada para a Chácara da Bolinha.


Dia Primeiro - Lutando contra o vento


Arvore gigante da Mata Atlântica

Fizemos o cadastro, enchemos os cantis e partimos mata adentro. A trilha em meio a Mata Atlântica percorre o vale, seguindo sempre o curso de água que vem da cela entre o Camapuã e a Pedra Branca. É uma trilha relativamente fácil na primeira metade, seria mais fácil se não fosse necessário atravessar tantas vezes o leito choroso do riacho.

Cerca de uma hora depois chegamos à bifurcação que separa os homens dos meninos, dessa feita seguiríamos com cautela a trilha mais fácil à esquerda. A trilha da direita leva ao cume da Pedra Branca e a continuação leva à mais complicada jornada na Serra do ibitiraquire: Cume Siririca.

Repusemos a energia e retomamos a marcha. A partir daqui a trilha fica bem mais complicada. Dentro da mata as raízes se multiplicam e a subida começa definitivamente.

Assim que saímos na cimeira demos de frente com um vento implacável. Para piorar os mil metros finais até o cume do Camapuã são uma tortura. A trilha foi mal pensada e diferentemente das trilhas cariocas e paulistas ela sobe direto pelo flanco, atacando a subida de uma pernada só. São quase 400 metros de elevação até o topo.

Finalmente atingimos o cume às 11:45. Já haviam uma dezena de pessoas lá, de forma que todas as pedras que forneciam proteção do vento já estavam ocupadas. Sem as mochilas exploramos timidamente o platô e logo voltamos para trás de uma rocha menor, tentar alguma proteção.

Vista para o Siririca a partir do Camapuã

Seguimos às 12:40 para o último cume do hikking. Depois de uma curta caminhada no platô a trilha mergulha repentinamente para o vale, uma descida de cerca de cem metros. Do local onde estávamos já era possível ver a parede do Tucum com seus 70º de inclinação, e trechos de rocha lisa, quase uma escalada de aderência. Eram poucos os hikkers que vinham do outro lado, e os quais cruzamos apresentavam cansaço e reclamavam da ventania.

Começamos o ataque final, dessa vez fomos beneficiados pelo vento, que acelerava a cada hora. Se no ataque ao Camapuã ele soprava contra, agora ele soprava nas costas e ajudava a galgar a parede do Tucum, tornando a vida mais fácil. Aproveitamos para parar logo no início da subida e completar os cantis, antes de finalmente atingir o objetivo.

Chegamos às 14:10 no cume do Tucum, o vento já ultrapassava os 70 km/h. Como num lance de sorte o único espaço reservado das rajadas não estava ocupado. Os campistas que haviam chego antes estavam ali do dia anterior e tinha armado as barracas lá no falso cume onde o vento castigava.

Quando terminamos de montar a Ofurô o vento era ainda mais impiedoso a ponto de formas pequenas correntes que contornavam o cume a atingiam nosso acampamento. Apesar do ruído, finalmente tirei uma boa hora de sono dentro da barraca.

O vento nada melhorara quando acordei. Escondidos atrás das rochas passamos boas horas colocando o papo em dia e observando os recém chegados sofrerem para montar acampamento.

Já se iam 17:30 e o sol começara a descer atrás do Camapuã. Rapidamente uma grande nuvem escondeu o astro acabando com nossa expectativa. Voltamos para a barraca preparar o café dentro da barraca em detrimento do vendaval.

Vista para o Caratuva e Itapiroca do acampamento

Dia Segundo - Mudando o vento, de direção

Ainda era muito cedo quando acordei com a barraca quase sendo arrancada, saí para verificar e percebi que o vento não tinha arrefecido, porém mudara de sentido soprando agora do sul num indicativo de chuva mais à frente. Assim que retornei vi um clarão, mas antes de se preocupar peguei no sono novamente. A canseira cobrou seu preço, fazia três meses que não fazíamos uma trilha.

Acordei novamente às 06:00 com o som de trovões. Mal abri os olhos já pude ouvir os primeiros pingos no sobre teto da Ofurô. Nossos parceiros já se preparavam para fazer o café da manhã. Caiu uma baita pancada de formar poças nas rochas.

Às 07:00 a chuva cedeu, não podemos dizer o mesmo do vento que ainda soprava forte. Preparamos o café dentro da barraca e aos poucos as nuvens baixas foram dispersando deixando a mostra os cumes à nossa volta.

Vista do siririca com a Baía de Antonina aos fundos

O Tucum tem uma das vista mais bonitas da Serra do Ibitiraquire ficando de frente para o icônico Pico Paraná, com o Siririca, Luar e os conjuntos do Marumbi e Mãe Catira à direita. À esquerda ficam o Itapiroca, Caratuva, Ferreiro, Ferraria e o conjunto dos Capivaris. Lá atrás fica a Represa Capivari, e mais aos fundo a capital do estado: Curitiba. Dá ainda para avistar o oceano lá no horizonte além do Siririca.

Última vista para o Pico Paraná

Fomos os últimos a levantar acampamento, às pressas pois a chuva já apontava no horizonte mais uma vez e com aquele vendaval não demoraria a chegar. Iniciamos uma desescalada rápida e conseguimos chegar ao Camapuã antes do aguacero. Mal paramos no Camapuã novamente e rolamos rampa abaixo. Dessa feita não conseguimos escapar da chuva.

Adentramos a mata debaixo de água. A trilha agora estava que um sabão e parar em pé já passara a ser um desafio. O riacho jorrava água, mas nada que impedisse nosso progresso. Terminamos no chácara às 11:40, e depois de um banho quente e um pastel fresco tomamos a estrada novamente para mais oito horas de rodagem até em casa.


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