Hikking Cume Camapuã vs Cume Tucum
- Jonas Silva
- 21 de jul. de 2022
- 4 min de leitura
Depois de trĆŖs meses sem fazer trekking, finalmente apareceu uma oportunidade de tirar a poeira do tĆŖnis. Minha agenda anda bastante cheia com os compromissos da universidade limitando as viagens.
Na segunda-feira recebi um convite para fazermos um hikking no sĆ”bado atĆ© o cume do Tucum com acampamento e retorno no domingo. Gostei da ideia, fui logo procurar alguĆ©m para nos fazer companhia e dividir o combustĆvel, afinal com os preƧos da gasolina nos Ćŗltimos tempos estĆ” difĆcil coragem de abastecer e rodar por aĆ.
A primeira tentativa foi frustrada na quarta-feira, quando o amigo que havia topado a empreitada desistiu. Ficamos meio desolados, mas na quinta-feira era meu aniversƔrio e o presente veio na forma do convite de outra amiga para rachar a gasolina.

SaĆmos de casa Ć s 21:40 de sexta-feira e depois de oito horas na estrada chegamos no Posto Cupim, nossa parada de rotina em Campina Grande. Aproveitamos que estĆ”vamos adiantados para tirar um cochilo e só Ć s 07:00 nos reunimos no Posto TĆŗlio, jĆ” na entrada para a ChĆ”cara da Bolinha.
Dia Primeiro - Lutando contra o vento

Fizemos o cadastro, enchemos os cantis e partimos mata adentro. A trilha em meio a Mata Atlântica percorre o vale, seguindo sempre o curso de Ôgua que vem da cela entre o Camapuã e a Pedra Branca. à uma trilha relativamente fÔcil na primeira metade, seria mais fÔcil se não fosse necessÔrio atravessar tantas vezes o leito choroso do riacho.
Cerca de uma hora depois chegamos Ć bifurcação que separa os homens dos meninos, dessa feita seguirĆamos com cautela a trilha mais fĆ”cil Ć esquerda. A trilha da direita leva ao cume da Pedra Branca e a continuação leva Ć mais complicada jornada na Serra do ibitiraquire: Cume Siririca.
Repusemos a energia e retomamos a marcha. A partir daqui a trilha fica bem mais complicada. Dentro da mata as raĆzes se multiplicam e a subida comeƧa definitivamente.
Assim que saĆmos na cimeira demos de frente com um vento implacĆ”vel. Para piorar os mil metros finais atĆ© o cume do CamapuĆ£ sĆ£o uma tortura. A trilha foi mal pensada e diferentemente das trilhas cariocas e paulistas ela sobe direto pelo flanco, atacando a subida de uma pernada só. SĆ£o quase 400 metros de elevação atĆ© o topo.
Finalmente atingimos o cume às 11:45. JÔ haviam uma dezena de pessoas lÔ, de forma que todas as pedras que forneciam proteção do vento jÔ estavam ocupadas. Sem as mochilas exploramos timidamente o platÓ e logo voltamos para trÔs de uma rocha menor, tentar alguma proteção.

Seguimos Ć s 12:40 para o Ćŗltimo cume do hikking. Depois de uma curta caminhada no platĆ“ a trilha mergulha repentinamente para o vale, uma descida de cerca de cem metros. Do local onde estĆ”vamos jĆ” era possĆvel ver a parede do Tucum com seus 70Āŗ de inclinação, e trechos de rocha lisa, quase uma escalada de aderĆŖncia. Eram poucos os hikkers que vinham do outro lado, e os quais cruzamos apresentavam cansaƧo e reclamavam da ventania.
ComeƧamos o ataque final, dessa vez fomos beneficiados pelo vento, que acelerava a cada hora. Se no ataque ao CamapuĆ£ ele soprava contra, agora ele soprava nas costas e ajudava a galgar a parede do Tucum, tornando a vida mais fĆ”cil. Aproveitamos para parar logo no inĆcio da subida e completar os cantis, antes de finalmente atingir o objetivo.
Chegamos às 14:10 no cume do Tucum, o vento jÔ ultrapassava os 70 km/h. Como num lance de sorte o único espaço reservado das rajadas não estava ocupado. Os campistas que haviam chego antes estavam ali do dia anterior e tinha armado as barracas lÔ no falso cume onde o vento castigava.
Quando terminamos de montar a OfurĆ“ o vento era ainda mais impiedoso a ponto de formas pequenas correntes que contornavam o cume a atingiam nosso acampamento. Apesar do ruĆdo, finalmente tirei uma boa hora de sono dentro da barraca.
O vento nada melhorara quando acordei. Escondidos atrƔs das rochas passamos boas horas colocando o papo em dia e observando os recƩm chegados sofrerem para montar acampamento.
JÔ se iam 17:30 e o sol começara a descer atrÔs do Camapuã. Rapidamente uma grande nuvem escondeu o astro acabando com nossa expectativa. Voltamos para a barraca preparar o café dentro da barraca em detrimento do vendaval.

Dia Segundo - Mudando o vento, de direção
Ainda era muito cedo quando acordei com a barraca quase sendo arrancada, saĆ para verificar e percebi que o vento nĆ£o tinha arrefecido, porĆ©m mudara de sentido soprando agora do sul num indicativo de chuva mais Ć frente. Assim que retornei vi um clarĆ£o, mas antes de se preocupar peguei no sono novamente. A canseira cobrou seu preƧo, fazia trĆŖs meses que nĆ£o fazĆamos uma trilha.
Acordei novamente às 06:00 com o som de trovões. Mal abri os olhos jÔ pude ouvir os primeiros pingos no sobre teto da OfurÓ. Nossos parceiros jÔ se preparavam para fazer o café da manhã. Caiu uma baita pancada de formar poças nas rochas.
Ćs 07:00 a chuva cedeu, nĆ£o podemos dizer o mesmo do vento que ainda soprava forte. Preparamos o cafĆ© dentro da barraca e aos poucos as nuvens baixas foram dispersando deixando a mostra os cumes Ć nossa volta.

O Tucum tem uma das vista mais bonitas da Serra do Ibitiraquire ficando de frente para o icÓnico Pico ParanÔ, com o Siririca, Luar e os conjuntos do Marumbi e Mãe Catira à direita. à esquerda ficam o Itapiroca, Caratuva, Ferreiro, Ferraria e o conjunto dos Capivaris. LÔ atrÔs fica a Represa Capivari, e mais aos fundo a capital do estado: Curitiba. DÔ ainda para avistar o oceano lÔ no horizonte além do Siririca.

Fomos os últimos a levantar acampamento, às pressas pois a chuva jÔ apontava no horizonte mais uma vez e com aquele vendaval não demoraria a chegar. Iniciamos uma desescalada rÔpida e conseguimos chegar ao Camapuã antes do aguacero. Mal paramos no Camapuã novamente e rolamos rampa abaixo. Dessa feita não conseguimos escapar da chuva.
Adentramos a mata debaixo de Ôgua. A trilha agora estava que um sabão e parar em pé jÔ passara a ser um desafio. O riacho jorrava Ôgua, mas nada que impedisse nosso progresso. Terminamos no chÔcara às 11:40, e depois de um banho quente e um pastel fresco tomamos a estrada novamente para mais oito horas de rodagem até em casa.